COCAÍNA E CRACK - ESCLARECIMENTO AO PUBLICO
O uso da cocaína começou nos países andinos (Peru, Bolívia, Equador e colômbia) há mais de 2.000 anos. Seu isolamento químico foi feito por um alemão, chamado Albert Niemann, cujo trabalho foi publicado em 1.860. a partir de então passou a ser usada prescrita e vários de seus efeitos foram relatados como benéficos por diversos autores. Koller por exemplo, descreveu as propriedades anestésicas da cocaína e introduziu seu uso em cirurgias oftalmológicas. Freud a experimentou pessoalmente e descreveu-a como ´´ droga magica `` . O uso da cocaína tornou-se tão popular nos Estados Unidos que em 1.863, Ângelo Mariani patenteou um vinho, que se tornou muito popular, cuja formula continha cocaína. Em 1.885, a cocaína foi incorporada a uma bebida que depois ficou conhecida como coca-cola e foi banida apenas em 1.914.
O uso mais difundido gerou uma serie enorme de complicações relacionadas que passaram a ser descritas pela literatura médica. Tais evidências levaram os estados Unidos a proibirem seu uso e a cocaína quase desapareceu no começo do século XX. Seu reaparecimento aconteceu na década de 1.960, como droga de elites econômicas. Na década de 1.980, o consumo de cocaína aumentou muito e varias razões contribuíram para isso: o aumento da oferta, a redução do custo e a diversificação nas vias de administração (além de aspirada, a cocaína passou a ser injetada e fumada).
DADOS DE EPIDEMIOLOGIA
Os Estados Unidos mostraram um aumento progressivo de uso durante os anos de 1.980 e certo declínio em algumas populações escolares nos anos de 1.990. No Brasil, há evidencias de que o uso aumentou progressivamente nos últimos 30 anos.
Uma avaliação epidemiológica realizada pelo centro brasileiro de informações sobre drogas psicotrópicas (CEBRID), no período de 1.988 a 1.999, revela que as internações para tratamento de dependência de cocaína e seus derivados foram as que mais cresceram: de 0,8% em 1.988 para 4,6% em 1.999: Um aumento de 475%.
· 2% dos brasileiros fazem uso de cocaína na vida.
· O Brasil fica abaixo dos Estados Unidos, onde o uso na vida é de 5,4%, Espanha 4,1 %, Chile 3,7%, Itália 3,5% Holanda e Reino Unido 3,0%.
· Dos Brasileiros 0,7% fazem uso na vida de crack.
· O uso de cocaína é maior para o sexo masculino, assim como maconha, energético e esteroide anabolizante e como nos levantamentos anteriores.
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A produção de cocaína começa com as folhas de coca e passa por vários estágios até chegar a forma de cloridrato de cocaína, que é a droga na forma de sal, vendida como pó. Durante a produção, existe uma forma intermediaria da droga, especialmente perigosa devido a sua impureza, conhecida como pasta de coca que é fumada em alguns países. A cocaína em pó não pode ser fumada, pois é volátil, ou seja, grande parte de sua forma ativa é destruída a altas temperaturas. Para poder ser fumada, o sal da cocaína precisa retornar a forma de base, neutralizando-se o cloridrato ou a parte acida. O produto resultante é conhecido como CRACK. Assim, o crack não é uma droga nova: é uma forma de cocaína que pode ser utilizada pela via pulmonar. Sua grande vantagem, do ponto de vista do usuário, é que a absorção é mais rápida e produz, aparentemente, um efeito mais intenso.
A cocaína pode ser usada por diferentes vias de administração: Oral, intranasal, injetável, ou pulmonar. No Brasil, a forma mais comum de uso de cocaína era a via nasal. No final da década de 1.980, a via injetável passou a predominar. Já no ano de 1.995, a maioria dos pacientes atendidos nas clinicas usava, predominantemente, a cocaína na forma de crack. Cada uma dessas vias de administração apresenta diferenças, vistas a seguir, tanto na quantidade e qualidade dos efeitos esperados quanto nos riscos de complicações associadas. Quanto mais rápido e maior o inicio e a duração dos efeitos, maior é a probabilidade de dependência.
EFEITOS DE USO AGUDO, ABSORÇÃO, METABOLISMO E EXCREÇÃO.
Quando a cocaína e tomada oralmente (mascada), sua absorção é lenta e incompleta: requer mais de 1 hora e 75 % da droga absorvida são rapidamente metabolizados no fígado logo na sua primeira passagem por ali. Somente 25% da droga ingerida alcançam o cérebro e isso requer um longo período de tempo. Por isso, não existe, nesta forma o sentimento de rush comum a outras formas.
A cocaína aspirada também é pobremente absorvida por dois motivos: somente uma pequena quantidade atravessa a mucosa nasal; e a vasoconstrição, gerada pela própria cocaína, acaba limitando sua absorção. De 20 a 30 % são absorvidos e o pico de concentração nos níveis sanguíneos acontece entre 30 e 60 min. Os efeitos também duram de 30 a 60 min.
A cocaína injetada ultrapassa cruza todas as barreiras de absorção e alcança a corrente sanguínea imediatamente. O tempo que leva para atingir o cérebro e instalar seus efeitos é entre 30 e 60 seg. Produz um rápido, poderoso e breve efeito. Por essa razão foi uma das formas de uso preferida pelos usuários compulsivos.
Entretanto, para os consumidores ainda mais compulsivos, a forma de administração mais preferida é a pulmonar. A absorção da cocaína vaporizada e fumada é rápida e quase completa. Os pulmões provêm uma grande área e a circulação do sangue dos pulmões até o cérebro é rápida. Os efeitos se estalam em segundos e a duração varia de 5 a 10 min. Por essas razões o USO DO CRACK GERA UMA DEPENDENCIA MAIS RAPIDA QUE O ENDOVENOSO.
Depois que a cocaína entra no cérebro, e rapidamente redistribuída para outros tecidos e se concentra no baço, nos rins e no cérebro. Durante a gravides a cocaína cruza a placenta e alcança, no bebê níveis semelhantes aos da mãe.
Bibliografia:
LIVRO: ACONSELHAMENTO EM DEPENDENCIA QUIMICA – SEGUNDA EDIÇÃO; - pgs .77,78,79,80.
Autores: Selma Bordin, Neliana Buzi Figlie, Ronaldo Laranjeira. - Editora: Roca ltda.
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