MACONHA – COMPLICAÇÕES PSIQUIATRICAS
MACONHA – COMPLICAÇÕES PSIQUIATRICAS
Bibliografia: Aconselhamento em dependência química // Neliana Buzi figlie, Selma Bordin, Ronaldo Laranjeira// pgs126, 127 e 128. Editora Roca.
Há um numero substancial de casos que se referem a uma PSICOSE DE CANNABIS e descrevem indivíduos que desenvolvem sintomas psicóticos após o uso. Os sintomas mais comuns são confusão, alucinações (principalmente visuais), delírios, labilidade emocional, amnésia, desorientação, despersonalização e sintomas paranoides. Essas reações são raras e ocorrem após um uso pesado eventual. Na maioria dos casos, esses sintomas desaparecem com a abstinência.
A razão para se crer que a CANNABIS provoca psicose incluem uma combinação de fatores:
· Sintomas se estabelecem logo após o uso de grande quantidade de CANNABIS.
· Os indivíduos afetados mostram sintomas orgânicos, como confusão, desorientação e amnésia.
· Muitos não tem histórico, pessoal ou familiar, de psicose anterior ao uso.
· Os sintomas desaparecem rapidamente após um período de abstinência
· A recuperação é normalmente completa, ou seja, o individuo não apresenta qualquer sintoma psicótico residual, como aqueles vistos em esquizofrênicos.
· Há nova ocorrência de desordem após o individuo recomeçar o uso.
No entanto, há quem critique essas razões.
O que se sabe é que, se existe uma psicose de cannabis, esta é incomum ou raramente recebe intervenção medica nas sociedades ocidentais. Outra possibilidade seria a de a psicose de cannabis só ocorreria em indivíduos com vulnerabilidade preexiste a desordens psicóticas.
Existem muito menos evidencias de que o uso de cannabis provoque uma psicose que persista além do período de intoxicação, isso se deve à relativa raridade desse fenômeno e à dificuldade de distinguir esse tipo de psicose da esquizofrenia e de quadros afetivos que ocorrem em usuários de cannabis.
Existe uma associação entre o uso da cannabis e a esquizofrenia:
· O uso crônico de cannabis pode precipitar e esquizofrenia em indivíduos vulneráveis.
· Os portadores de esquizofrenia podem fazer uso de cannabis como uma forma de medicar os sintomas desagradáveis associados ou os efeitos colaterais dos neurolépticos utilizados no tratamento, tais como depressão, ansiedade, letargia e anedonia.
· O uso de cannabis pode exacerbar os sintomas da esquizofrenia.
O uso de cannabis também está associado a transtorno de humor. Estudo prospectivo, conduzido com mais de 6.000 indivíduos, por um período de três anos, concluiu que os indivíduos que fizeram qualquer uso de cannabis tiveram um modesto aumento no risco de uma primeiro depressão maior e um forte aumento no risco para o primeiro transtorno bipolar. O risco para qualquer desordem de humor foi elevado para uso praticamente diário, mas não para usuários com padrões menos frequentes.
COMPLICAÇÕES SOCIAIS
Há muita polemica sobre a maconha ser a porta de entrada para o uso de outras drogas ilícitas. Há evidencias de certa sequência no uso de drogas. A teoria dos comportamentos problemáticos de Jessor e Jessor mostra que vario dos chamados comportamentos desviantes (bebida, uso de drogas, rebeldia, delinquência, direção perigosa, agressão, baixos resultados acadêmicos, menor frequência a igrejas, menor orientação para o trabalho, indicação sexual precoce e sexo desprotegido) ocorrem em um mesmo individuo. Outra pesquisa indica o desenvolvimento de uma sequencia iniciando-se pelos comportamentos delinquentes, progredindo para ingestão de álcool e o uso de cigarros, para o uso da maconha e, então, para problemas relacionados à bebida e finalizando com o uso de drogas pesadas. A melhor explicação para esses fenômenos não seria qualquer efeito farmacológico especifico da maconha (esta, por si só, não gera necessidade de outras drogas). Deve haver uma combinação de fatores: por um lado, a escolha inicial do uso da maconha por um grupo de adolescentes já reflete maior curiosidade por drogas e, portanto, maior chance de prosseguir experimentando outras delas. Por outro lado, o processo de socialização é a subcultura dos usuários aumentaria a exposição destes as outras drogas e encorajaria seu uso. Mas vale a pena dizer: nem todo usuário de maconha progredirá para o uso de outras drogas.
O uso de maconha na adolescência esta associado a piora no desempenho escolar. Embora isso possa não ter grande impacto na vida do adolescente, pode resultar em rendimento profissional e qualidade de vida inferiores, o chamado ‘´efeito cascata``.
Existem evidencias de que o uso crônico de maconha produza déficits leves nas funções cognitivas da memoria, atenção, organização e integração de informações complexas. Se, por um lado, o déficit e sutil, por outro, é mensurável a ponto de poder afetar tarefas do dia-a-dia. Não se sabe se estes danos são reversíveis ou não.
A muita preocupação aos efeitos da maconha no comportamento e na movimentação. Uma síndrome a motivacional foi identificada em 1.971 por alguns psiquiatras, mas ainda não necessita ser confirmada por mais estudos. Tal síndrome se caracteriza por falta de motivação e reduzida produtividade. Os usuários parecem apáticos, com dificuldade de concentração e desinteresse em cumprir metas.
É importante lembrar a longa vida do THC no corpo humano: usuários diários podem, de fato, estar cronicamente intoxicados e exibir prejuízos comportamentais e motivacionais, o mesmo antes da primeira dose diária. Ou seja, esta síndrome parece estar mais associada com um constante estado de intoxicação do que com mudanças de personalidade ou do funcionamento cerebral, tendendo a melhorar com a interrupção do uso e com aconselhamento.
A intoxicação pela cannabis pode comprometer as habilidades ao volante. Uma pesquisa conduzida com 6.000 adolescentes revelou que aqueles que dirigiam seis ou mais vezes por mês após terem usado maconha tinham 2,4 vezes mais probabilidade de se envolverem em acidentes de transito do que aqueles que não haviam fumado antes de dirigir. Estudos realizados com base em resultados de testes do sague de motoristas envolvidos em acidentes também indicaram um papel importante da maconha na causa dos acidentes. Porem, a maioria dos usuários com resultado positivo para THC também apresentou resultado positivo para uso de álcool. Ou seja, os estudos foram inconclusivos.
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