ALCOOLISMO NOS IDOSOS
Fonte: Luiz André Piancó de Góes Castro, José Carlos F. Galduróz, Neliana Buzi Figlie, Ronaldo Laranjeira.
Os pacientes idosos são uma população de alto risco para evoluir com problemas físicos causados pelo abuso de álcool, pelas seguintes razões:
- As concentrações sanguíneas de álcool são elevadas em relação aos jovens adultos, devido à diminuição da atividade de enzima álcool desidrogenase gástrica e do volume de distribuição.
- Aumento da sensibilidade ao álcool, particularmente no sistema nervoso central.
- Estima-se que 90% dos idosos usam medicações que podem interagir de forma adversa com o álcool.
O padrão de consumo de álcool de todo paciente acima de 65 anos de idade deve ser investigado anualmente, para identificar de modo precoce problemas associados ao consumo excessivo. estima-se que a metade desses pacientes consuma álcool, sendo que a 2 a 4% podem preencher critérios diagnósticos para abuso ou dependência (alcoolismo).
O consumo combinado de medicamentos e álcool origina um maior risco de problemas sociais e de saúde. Medicamentos aparentemente inócuos, receitados ou adquiridos sem receita médica, podem interagir com o álcool, causando sedação excessiva e aumentando a probabilidade de ocorrência de acidentes e ferimentos.
Do mesmo modo, o consumo combinado de álcool e outras drogas pode causar problemas entre os mais velhos. Os depressores do sistema nervoso central (por exemplo, os benzodiazepínicos e os analgésicos à base de opiáceos) são comumente usados pelos idosos. Os efeitos adversos desses medicamentos são potencializados pelo álcool, mesmo que em pequenas quantidades.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
A dependência do álcool no idoso possui as seguintes singularidades:
- Problemas psicossociais
- síndromes de abstinências mais intensas e prolongadas.
- Aumento da sensibilidade aos efeitos do álcool com diminuição da tolerância.
- Taxa elevada de complicações psiquiátricas (delirium, depressão e demência) e médicas (quedas repetitivas, desnutrição, diarreia, fraqueza e insônia). O alcoolismo no idoso pode ser devido em dois tipos: inicio precoce e tardio.
No inicio precoce, os idosos desenvolveram a dependência antes dos 45 anos de idade e sobreviveram até idade avançada. Constituem dois terços dos casos e apresentam maior incidência de alterações psicopatológicas, transtornos de personalidade, complicações médicas e problemas psicossociais. O prognostico é pior, pois o tratamento é mais difícil.
A dependência do álcool de inicio tardio desenvolve-se após os 45 anos de idade, geralmente em resposta a fatores estressantes (por exemplo, aposentadoria, perda familiar de alcoolismo. Tem melhor prognósticos, pois o quadro clínico é mais leve. Ao contrário do grupo de dependentes com inicio precoce, que bebem abertamente, o uso entre aqueles com inicio tardio é, em geral, feito de modo secreto e muitas vezes os familiares demoram ou mesmo nem percebem esse consumo. de qualquer forma, ambos amenizarão o seu consumo. Uma boa estrategia é investigar se há uso diário. Mesmo que seja em baixas doses, esse consumo poderá levar a consequências mais sérias. Outros sinais e sintomas aos quais se deve estar alerta são: períodos de amnésia enquanto bebe, capacidades cognitivas alteradas, anemia, alterações das funções hepáticas frequentes quedas e fraturas e surgimento de crises compulsivas.
TRATAMENTO
Os idosos com abuso ou dependência do álcool respondem igualmente ou melhor ao tratamento do que pacientes de outras faixas etárias. A resposta ao tratamento tende a ser maior quando o idoso é submetido a programas terapêuticos específicos. Schonfeld propôs as seguintes recomendações para o tratamento de idosos com alcoolismo.
- Identificar estados emocionais negativos e o isolamento social.
- Capacitar os profissionais a tratar idosos.
- Associar intervenções psicossociais individuais ou grupais, que utilizem técnicas não confrontativas e que proporcionem suporte social.
- Implementar relações com serviços de saúde que prestam assistência aos idosos.
- adequar o ritmo e o conteúdo do tratamento aos idosos. Estes precisam de programas de tratamento que atendam às suas necessidades (por exemplo, complicações médicas, reação adversa às intervenções de confrontação, dificuldade para se relacionar com pessoas mais jovens, menor capacidade de reorganização mental e emocional).
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