TRANSTORNOS ANSIOSOS.

Fonte: Lilian Ribeiro costa Ratto e Daniel Cruz Cordeiro.

alguns estudos indicam que um terço dos alcoolistas apresenta um quadro significativo de ansiedade com evidências de que 50 a 67% dos alcoolistas e 80% dos dependentes de outras drogas tem sintomas que se assemelham aos do transtorno de panico, dos transtornos fóbicos ou do transtorno de ansiedade generalizada.

AGORAFOBIA

Esse termo é utilizado atualmente para definir o medo de espaços abertos e outros tipos de medo, como presença de multidões e dificuldade de fugir para um local seguro. A gravidade é variável, porem, entre os transtornos fóbicos, esse é o mais incapacitante - alguns pacientes podem ficar completamente confinados em casa. A maioria dos pacientes é do sexo feminino e o transtorno normalmente ocorre no começo da idade adulta.
Para um diagnóstico definitivo:

  • os sintomas psicológicos ou autonomos devem ser, primariamente, manifestações de ansiedade e não secundários e outros sintomas, tais como delirios ou pensamentos obsessivos.
  • a ansiedade deve ser ser restrita ou ocorrer em pelo menos duas das seguintes situações: lugares públicos  multidões, viagens para lugares distantes ou sem companhia.
  • a evitação de situações fóbicas deve ser ou estar sendo em aspecto proeminente.
TRANSTORNO DE PÂNICO

Nesse quadro, ocorrem ataques recorrentes de ansiedade grave que caracterizam o pânico,  tem início súbito e duram alguns minutos, com sintomas como palpitações, dor no peito, sensações de choque, tortura e sentimentos de despersonalização, acompanhados do medo de morrer, de ficar louco e de perder o controle e, no decorrer do quadro, medo de ter outra crise.
O individuo, geralmente, sente uma onda crescente de medo e sintomas autônomos que resultam em fuga do local onde esta e posterior evitação do local ou da situação associada com o surgimento da crise.
O diagnostico é feito havendo vários ataques graves de ansiedade ocorridos durante o período de um mês, com as seguintes características:
  • em situações nas quais não há perigo real.
  • Os ataques não deveriam ocorrer em situações de confinamento e/ou previsíveis.
  • Com relativa diminuição dos sintomas ansiosos entre os ataques, mesmo que a ansiedade antecipatória seja comum.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA.
É caracterizado por sintomas primários de ansiedade, com ou sem manifestações somáticas. Os sintomas devem conter, usualmente, elementos como:
  • Apreensão (preocupações com desgraças futuras, dificuldades de concentração, sentimento de estar no limite).
  • Tensão motora (cefaleias tensionais, tremores, incapacidade de relaxar e inquietação).
  • Hiperatividade autônoma (sensação de cabeça leve, taquicardia ou taquipneia, sudorese, desconforto epigástrico, boca seca, torturas) e, na maioria dos dias, pelo menos durante várias semanas, ansiedade com ou sem manifestações somáticas
Esses sintomas devem estar presentes por um período minimo de um mês, com ansiedade autônoma surgindo em vários ataques.

COMORBIDADES
Os quadros ansiosos são comummente associados aos transtornos por consumo de drogas. Essa estreita relação pode ser explicada pelo fato de as drogas psicoativas, de modo geral, gerarem sintomas de ansiedade por intoxicação por drogas estimulantes do sistema nervoso central ou por um quadro de abstinência a depressora deste sistema. Outras perturbadoras do funcionamento do sistema nervoso central, como a maconha, também podem produzir efeitos como ansiedade, com quadros de panico transitório.
Os sintomas de abstinência alcoólica podem limitar os transtornos de ansiedade generalizada e de panico, podendo existir, por trás destes mecanismo, um processo neuroquímico comum. Muitas vezes, os sintomas fóbicos aparentemente muito graves desaparecem após um período de abstinência e, nestes casos, não necessitam de tratamento.
O inverso também pode ocorrer, isto é, quadros ansiosos podem ser amenizados por determinadas substancias. Miller, em 1994, observou que o álcool é a substancia mais envolvida em tal mecanismo, chegando a ser duas vezes maior que a soma das demais drogas utilizadas para amenizar sintomas ansiosos. No entanto, pacientes que encontram alivio para a ansiedade podem desenvolver quadros de progressão da sintomatologia ansiosa, passando rapidamente do abuso à dependência.
Geralmente, os dependentes de álcool relatam que as bebidas melhoram a auto-estima, reduzem o isolamento, aliviam a depressão, além de diminuir a ansiedade. Porem, estudos verificam que eles, no decorrer da dependência, se tornam mais retraídos e deprimidos, menos autoconfiantes e com aumento da intensidade da ideação suicida; a ansiedade pelo álcool, aliviada nos usuários crônicos, nada mais é que os próprios sintomas de abstinência recente, como tremores, pânico e disforia.
Evidentemente, alguns aspectos relacionados à ansiedade, como tensão muscular e culpa, são aliviados pela ingestão de pequenas doses de álcool. a maioria dos estudos sugere que o álcool diminui a ansiedade após alguns minutos, porém, atua aumentando os níveis de ansiedade posteriormente. Pode existir, então, um papel etiológico desses transtornos no desenvolvimento da dependência ao álcool. Alguns estudos vêm tornando mais consistente a hipótese de que os transtornos ansiosos podem utilizar substancias para amenizar seus sintomas, assim como pacientes usuários de drogas podem ter sintomas ansiosos decorrentes do consumo ou da abstinência destas. Isso resulta em sematologias muito semelhantes e em que,  em muitos casos, é necessária abstinência para se obter um diagnóstico preciso.

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