USAR DROGAS É FRAQUEZA, “SEM-VERGONHICE?
Fonte: Ivan Mario Braun.
Deve-se evitar a alusão ao problema de drogas com vocabulário moralista. A dependência de drogas não é uma verdadeira opção. As drogas criam provavelmente uma espécie de memória no cérebro, de modo que se torna extremamente difícil resistir ao seu uso numa série de circunstâncias. Em segundo lugar, não percebe haver nenhuma utilidade prática em taxar os dependentes de fracos ou “sem-vergonhas”. Para pessoas que nunca usaram drogas, é difícil imaginar que deixar de usá-las não é apenas uma questão de não comprar, não por na boca, não aspirar, como dizem alguns parentes e amigos de pacientes. É difícil imaginar a compulsão, a fissura que os dependentes sentem. Pode-se conseguir a empatia dessas pessoas lembrando das dificuldades que já enfrentaram aqueles que tentaram fazer uma dieta alimentar ou mesmo deixar de fumar – às vezes, esquece-se que o tabaco também é droga... Mesmo quem não enfrentou pessoalmente essas dificuldades, viu outros tentarem, observou pacientes hipertensos que não conseguiam abandonar o sal ou diabéticos que não paravam de comer doces e carboidratos em excesso. Freqüentemente, essas comparações aliviam a pressão moralista sobre o dependente de álcool ou drogas ilícitas. Julgá-los, afinal não os ajudará a interromper o hábito.
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