DEPENDÊNCIA DE DROGAS E ÁLCOOL NO TRABALHO

Cerca de 15% dos profissionais brasileiros são dependentes de drogas e álcool no trabalho ou os consomem com freqüência, de acordo com um estudo publicado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo.
Segundo o Ministério do Trabalho, esses funcionários faltam cerca de 26 dias por ano sem justificativa, o triplo do número de faltas de um funcionário comum. A produtividade deles é até 30% menor, e os riscos de acidentes de trabalho são cinco vezes mais elevados.
Para reduzir o número de trabalhadores dependentes de drogas, a quantidade de empresas que investem em campanhas, pesquisas e até testes de urina, para detecção de álcool, cocaína e maconha, aumentou nos últimos anos. Em 1992, o Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade de São Paulo recebeu cerca de 300 solicitações de empresas para análises de testes de funcionários. Em 2004, houve 1.700 solicitações
O uso de drogas relacionado ao trabalho remonta ao século XVIII, com a Revolução Industrial. Como não existiam legislações que normalizassem a carga horária e a salubridade das indústrias, muitos operários recorriam a bebidas alcoólicas para relaxar e suportar as condições adversas de trabalho. Datam dessa época os primeiros programas de controle do consumo de substâncias psicoativas, organizados por associações de trabalhadores.
A partir da década de 40, começaram os programas de desintoxicação oferecidos pelas empresas a funcionários alcoólatras. O abuso de drogas ilícitas no ambiente de trabalho agravou-se no fim da década de 70.
Esse período combinou a disseminação de substâncias como cocaína, anfetaminas, maconha e heroína e o aumento da competitividade no mercado de trabalho e da pressão por produtividade
Algumas profissões registram maior índice de abuso de drogas. Segundo os especialistas, algumas têm como características alto nível de pressão e carga horária pesada (caso dos publicitários e plantonistas de hospital), outras exibem picos muito altos de volume de trabalho e stress (operadores de bolsa de valores e jornalistas) ou o fácil acesso a substâncias como opiáceos e calmantes, incluem-se, aqui, médicos e outros profissionais de saúde.
A enfermeira paulista Kátia, de 42 anos, por exemplo, é dependente de um sonífero e de um anestésico há seis anos. Para dar conta dos plantões noturnos e do trabalho durante o dia, ela começou a tomar os remédios. Só assim conseguia dormir nas poucas horas livres entre uma atividade e outra. “Eu tomava doses dez vezes maiores do que a necessária para sedar um adulto”, diz Kátia. Para tentar controlar o vício, ela abandonou os empregos.

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