ADICCÇÃO, DROGADICÇÃO E DROGADICTO
A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de um distúrbio crônico
e recorrente. E essa decorrência é tão contundente, que raramente ocorre
abstinência pelo resto da vida depois de uma única tentativa de tratamento. As
recaídas da drogadicção são a norma. Portanto, a adicção deve ser abordada mais
como uma doença crônica, como se fosse diabetes ou hipertensão arterial.
Considerando
o fato da dependência química ser um distúrbio recorrente e crônico, alguns
autores mais realistas consideram como um bom resultado terapêutico, tal como
se deseja no tratamento da hipertensão arterial, asma brônquica, reumatismo,
diabetes, etc., uma redução significativa do consumo da droga, e longos
períodos de abstinência, supondo a ocorrência de recaídas ocasionalmente.
Muitos acham que este seria um padrão razoável de sucesso terapêutico, da mesma
forma que em outras doenças crônicas, ou seja, o controle da doença, mas não a
cura definitiva.
Vamos
chamar de “psicoativas” as drogas psicotrópicas, portanto, com efeito sobre o
Sistema Nervoso Central. Convencionalmente, vamos chamar ainda de “psicoativas”
as drogas de caráter ilícito, cujo efeito por ela produzido é de alguma forma
agradável ao usuário. Pois bem. Quando se usa uma droga psicoativa, o efeito
proporcionado por ela adquire para a pessoa um caráter de recompensa prazerosa.
A
maioria das definições de adicção a drogas ou dependência de substâncias inclui
descrições do tipo “indivíduo completamente dominado pelo uso de uma droga (uso
compulsivo)” e vários sintomas ou critérios que refletem a perda de controle
sobre o consumo de drogas.
O
tema “drogas” é muito complexo, multidimensional e tem atraído a atenção da
maioria dos países. Nas últimas duas décadas, importantes avanços nas ciências
do comportamento e nas neurociências vieram contribuir para um melhor
entendimento na questão do abuso de drogas e da drogadicção (droga – adicção).
A
neurociência vem identificando circuitos neuronais envolvidos em todos tipos de
abusos conhecidos, assinalando regiões cerebrais, neuroreceptores,
neurotransmissores e as vias neurológicas comuns afetadas pelas drogas. Também
têm sido identificados os principais receptores das drogas suscetíveis de
abuso, assim como todas as ligações naturais da maior parte desses receptores.
Neurologicamente a drogadicção deve ser
considerada uma doença. Ela está ligada a alterações na estrutura e funções
cerebrais, e isso torna a drogadicção fundamentalmente uma doença cerebral.
Inicialmente, o uso de drogas é um comportamento voluntário mas, com o uso
prolongado um “interruptor” no cérebro parece ligar-se, e quando o
“interruptor” é ligado, o indivíduo entra em estado de dependência química
caracterizado pela busca e consumo compulsivo da droga.
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