Ayahuasca é chamado de ‘cipó dos espíritos’ e de ‘vinho da vida’
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O chá da ayahuasca, que na língua quíchua quer dizer “cipó dos espíritos” ou “vinho da vida”, é uma bebida alucinógena obtida a partir da decocção da folha chacrona ou rainha (Psychotria viridis) e do cipó jagubi ou mariri (Banisteriopsis caapi). Sua origem é atribuída aos índios peruanos, que usavam o chá como instrumento espiritual. Acredita-se que os incas já faziam uso do líquido. Para os seguidores da doutrina, a bebida não funciona como um psicotrópico, e sim como uma maneira de se conectar com o divino.
O principio ativo é o DMT – dimetiltriptamina – e seu efeito começa aproximadamente meia hora depois de ingerido. O preparo da ayahuasca é demorado. O cipó jagubi é macerado pelos homens e depois misturado com as folhas de chacrona limpas pelas mulheres. A mistura é fervida durante muitas horas e só depois é obtido o líquido: o Santo Daime.
O chá é ingerido durante os rituais religiosos. Os discípulos entoam hinos – a doutrina é pregada por meio de hinários — que são canções religiosas, e após um período de oração eles recebem a miração (visões), que seria algo com um estado de êxtase. Eles chegam a passar cerca de 12 horas cantando e dançando como forma de louvor.
Porém o uso do Santo Daime produz sintomas físicos como dilatação das pupilas, sudorese excessiva, taquicardia, náuseas e vômitos – efeitos típicos de alucinógenos primários. Apesar de raramente acontecer, algumas pessoas podem desenvolver delírios persecutórios leves ou agudos ou acessos de pânico [fonte:Denarc – Divisão Estadual de Narcóticos do Paraná].
Liberação da ayahuasca
Em 2010, a ayahuasca foi regulamentada pelo Conad, Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. O decreto publicado no Diário Oficial da União, em 26 de janeiro de 2010, libera o uso somente em rituais religiosos e proíbe a utilização com fins comerciais, turísticos e terapêuticos [fonte: Portal do Ministério da Cultura].
A DMT é proibida em quase todo o mundo. Ao lado do LSD e da mescalina, ela aparece na lista de drogas controladas na Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas da Organização das Nações Unidas. Essa lista é seguida por 183 países, o Brasil incluído. A convenção, entretanto, não proibiu plantas ricas na substância, como a erva-rainha ou chacrona, que dá origem à beberagem do Daime. Isso permite a interpretação de que apenas a substância é proibida e a planta, que tem pequena concentração dela, não. No Brasil, em 1992, graças a uma campanha liderada por “ayahuasqueiros”, o Conselho Federal de Entorpecentes liberou o consumo do chá daimista “para fins religiosos”. Foi o primeiro de uma sucessão de erros que culminou com a consagração do chá como “bebida sagrada”, título concedido à substância alucinógena pelo estado brasileiro em janeiro passado. O advogado criminalista Fernando Fragoso considera a interpretação casuística. “Uma droga não deixa de ser droga se for consumida no meio de um ritual. A substância é lícita ou não é”, diz. A Associação Brasileira de Psiquiatria também já se manifestou contra a liberação do chá, sob o argumento de que não existem estudos suficientes para descrever em profundidade a ação no cérebro da DMT presente na beberagem.
Fonte: blogcasmurro.wordpress.com/2010/03/20/ayahuasca-e-chamado-de-cipo-dos-espiritos-e-de-vinho-da-vida/
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