XAROPES E GOTAS PARA TOSSE - DROGAS

DEFINIÇÃO
Os xaropes são formulações farmacêuticas que contem grande quantidade de açucares, fazendo com que o liquido fique viscoso, meio grosso. Nesse veiculo ou liquido, coloca-se a substancia medicamentosa que vai trazer o efeito benéfico desejado pelo médico que a receitou. Assim, por muito tempo foram produzidos xaropes para tosse em que o medicamento ativo é a codeína, como por exemplo, o setux, Eritós e pambeny, que não são mais fabricados.
Existem ainda muitos xaropes para tratar a tosse que contêm certas plantas em sua fórmula, como, por exemplo, o agrião, o guaco, etc. Esses medicamentos, chamamos de fitoterápicos, não têm os efeitos tóxicos da codeína nem causam dependência.
Mas também existem outras maneiras de se preparar tais remédios. Em vez de coloca-los em um xarope, faz-se uma solução aquosa, às vezes com um pouco de álcool, tendo-se assim as chamadas gotas para tosse. Alguns desses remédios também tinham a codeína como principio ativo, como era o caso do Belacodid e gotas Binelli.
EFEITOS NO CÉREBRO
O cérebro humano possui uma certa área – a chamada centro da tosse – que comanda os acessos de tosse, e é justamente lá que a codeína vai agir. Toda vez que esse centro da tosse é estimulado há emissão de uma “ordem” para a pessoa tussa. A codeína é capaz de inibir ou bloquear esse centro da tosse; assim, mesmo que haja um estimulo para ativá-lo, o centro, estando bloqueado pela droga, não reage, ou seja, não dá mais a “ordem” para a pessoa tossir, e a tosse que vinha ocorrendo deixa de existir. Mas como os outros opiáceos, a codeína age em outras regiões no cérebro. Assim, outros centros que comandam as funções dos órgãos são também inibidos; com a codeína, a pessoa sente menos dor (ela é um bom analgésico), pode ficar sonolenta, e a pressão sanguínea, o numero de batimentos do coração e a respiração podem ficar diminuídos.
EFEITOS SOBRE OUTRAS PARTES DO CORPO
A codeína possui vários efeitos das drogas do tipo opiáceos. Assim, é capaz de contrair a pupila, provocar sensação de má digestão e produzir prisão de ventre.
EFEITOS TÓXICOS
A codeína quando tomada em doses maiores que a terapêutica produz acentuada depressão das funções cerebrais. Como consequência, a pessoa fica apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande lentidão e a respiração torna-se muito fraca. Ainda como consequência, apele fica fria (a temperatura do corpo diminui) e meio azulada por causa da respiração insuficiente. A pessoa pode ficar em estado de coma, inconsciente, e se não for tratada pode morrer. Por exemplo, em um pronto-socorro na cidade de São Paulo, em um período de 10 meses, 17 crianças de 20 dias até 2 anos de idade foram tratadas por intoxicação por causa de xaropes ou gotas para tosse tomadas em excesso (Sedux, Felpar, Belacodid, Espasmoplus.) Todas essas crianças apresentavam dificuldade respiratória, pele fria e meio azulada, pupilas contraídas, mal conseguiam chorar e não tinham forças para mamar.

ASPECTOS GERAIS
A Codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Isso significa que a pessoa que vem tomando xarope à base de codeína, por vicio, acaba pr aumentar cada vez mais a dose diária. Assim, não é incomum saber-se de casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de gotas para continuar sentindo os mesmos efeitos. E se elas deixam de tomar a droga, estando já dependentes, surgem os sintomas da chamada síndrome de abstinência. Calafrios, cãibras, cólicas, coriza, lacrimejamento, inquietação, irritabilidade e insônia são os sintomas mais comuns de abstinência.


SITUAÇÃO NO BRASIL

O único xarope de codeína atualmente no Brasil é o codein, usado como analgésico. Os xaropes e as gotas à base de Codeína antitussígenos não são mais fabricados no Brasil, mas antes eles eram vendidos nas farmácias brasileiras somente com a apresentação da receita do médico, que fica retida para posterior controle. Infelizmente, isso nem sempre acontece, pois algumas farmácias desonestas para ganhar mais dinheiro, vendem essas substancias por “baixo do pano”. Ainda hoje esse problema persiste em algumas farmácias do Brasil para todos os medicamentos psicotrópicos. Contudo, os proprietários desses estabelecimentos podem ser punidos caso sejam descobertos.

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