ALCOOLISMO - O ALCOOLISMO DÁ EM TODO TIPO DE GENTE

Uma das lentes sobre o alcoolismo é que seja causado pela matéria. A vida se tornaria tão dura que, para anestesiar-se, o miserável se refugiaria no álcool. Isso não é verdade. O etilismo ocorre com a mesma frequência em países pobres ou ricos, países capitalistas ou socialistas. Dá tanto em rico quanto em pobre, tanto em branco quanto em preto. Não é sintoma de problemas sociais. Também não é doença de gente triste. Registram-se os mesmos os mesmos 13% entre pessoas frustadas ou bem-sucedidas, bem-amadas, tímidas ou extrovertidas, angustiadas ou tranquilas. Não há conexão direta entre alcoolismo e fossa.
Outra lenda é que o alcoolismo seria decorrência do clima frio. As pessoas iriam se viciando no álcool por recorrerem frequentemente a ele para aquecer o corpo. Também isso não é verdade: em países tropicais bebe-se tanto quanto nos países nordicos - baianos não bebe menos do que sueco ou esquimó.
A compulsão ao álcool não tem igualmente nada a ver com gula ou voracidade. Dá com a mesma regularidade em gordos e magros, gulosos e frugais. é óbvio que o alcoolismo é uma voracidade, só que é uma voracidade restrita ao álcool. Um alcoólatra pode perfeitamente ser uma pessoa moderada em tudo o mais.
Tampouco existem tipos de personalidade mais sensíveis ao álcool. se muitos alcoólatras são violentos, paranoicos, ciumentos, muitos não são, ou só ficam assim quando estão bêbados, se bem que muito bêbado e meigo, tranquilo, manso, mesmo no auge do pileque.
O fato de se ficar embriagado com pouco álcool ou de não se mostrar alterado nem muito álcool também não quer dizer nada. Muito alcoólatra fica bêbado na primeira dose, e outros não se embriagam nem depois de beberem um litro. A única vantagem do alcoolismo de pequenas doses é que si mais barato para quem está nele, caso não continue bebendo depois de bêbado...
Alcoolismo também não é coisa de gente preguiçosa ou fraca de vontade. Aquele atleta de ontem, que acordava com o nascer do sol e apresentava a mais férrea força de vontade, pode perfeitamente tornar-se o pau-d´ água de amanhã.
A frequência com que se bebe, esta sim, é sugestiva de tendencia ao alcoolismo, embora não seja fator decisivo. Muita gente bebe diariamente e jamais perde a moderação espontânea, enquanto outros bebem anualmente, num único fim de semana, mas aí ninguém segura. Porém, de maneira geral, o alcoólatra tende a beber cada vez mais, e mais habitualmente.

Fonte: Eduardo mascarenhas - Psicanalista (SPRJ)

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