MUNDO DAS PEDRAS

Fonte: Ana Paula Nonnenmacher (jornalista e editora do livro Meninos do Crack, Editora Corag).


Essa pedra é o crack! Criada nos EUA por volta dos anos 80 e que, na atualidade, se tornou um problema social gravíssimo. Quem pensa que essa droga avassaladora é vício de periferia, engana-se. O crack não escolhe sexo, raça, cor, classe social, ele já é produto de todos os públicos. Foram onze meses de convivência com homens e mulheres que fumavam Crack, uma poderosa e avassaladora droga que chegou ao Brasil em meados dos anos 80.
Crack se fuma em pequenos cachimbos rudimentares ou em latas de refrigerantes, a fumaça é inalada causando vários tipos de sensações.
Medo, raiva, desespero por mais um “pega”, alucinações provocadas pelas pedras, vergonha e arrependimento são algumas das sensações que a droga crack causa.
Um prazer ilusório que dura pouco, que faz o usuário ver bruxas, vampiros, sombras e, ou o próprio demônio, segundo personagens do mundo do crack. Ainda me pego a pensar se essas visões são realmente delírios dos consumidores ou se realmente isso seria algo espiritual, quem sabe uma das temíveis pragas do apocalipse. São os mistérios da pedra.
Quanto desespero, quanta angústia e quanta dor em vi nos olhos dessas pessoas que fumaram a pedra um dia, pela primeira vez, e foram fisgadas pela fumaça. Mulheres e homens que se prostituem por menos de R$ 5,00 que estão a mercê de todo o tipo de violência possível. Aliás, índices absurdos de violência e de criminalidade, o que está por traz destes? A maldita pedra que faz com que suas vitimas cometam vários delitos em busca de fumar uma vez mais.

RELATOS DE VIDA.
Escrever um livro com depoimentos de 50 pessoas dependentes da droga não foi nada fácil. Foram muitas idas e vindas, em busca de desvendar “como” viviam e o que faziam esses meninos e meninas.
Infelizmente presenciei cenas de pessoas que eram capazes de tudo para poder consumirem a droga, pessoas que não possuem mais vida. Usuários de crack não come, não dorme, não tem higiene, vive pela pedra, respira a pedra.
Consumidor de crack não vive, sobrevive a cada dia, pois a vida se transforma em um frio que o separa da morte. A qualquer momento pode-se levar um tiro de traficante – pelo disparo de alguém que foi lesado por um ato qualquer de um ser que precisa se abastecer de pedra.
Quanta impotência eu senti diante de uma situação de flagelo humano. O que fazer? A quem pedir auxilio? Como ajudar? Ainda prevalece no meu intimo o desejo de ver algum dos personagens sair do vicio, ainda mantenho esta chama de esperança acessa.
Onze meses da minha vida foram dedicados a escrever a obra, para que a sociedade pudesse abrir os olhos e visse que o crack ronda nossa sociedade.
Atualmente trabalho na prevenção de drogas – em especial o crack. Penso que através da minha obra poderei esclarecer nossos jovens sobre essa maldição, essa é minha maior gratificação: observar que, com o livro, as pessoas podem ver o quanto essa droga é poderosa e todas as conseqüências que ela traz.
O CRACK É UM MISTERIO A SER DESVENDADO. NECESSITAMOS DE PESQUISA, ESTUDOS MAS PRINCIPALMENTE DE AÇÕES PARA QUE OS INDICES DE RECUPERAÇÃO AUMENTEM E POSSAMOS SIM VER UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL.

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