SEM REPRESSÃO, SEM VIOLÊNCIA ...

Fonte: Revista crack. ano I nº I
  
"TOLERÂNCIA ZERO EM RELAÇÃO ÀS DROGAS NOS EUA, NÃO FUNCIONA", É A OPINIÃO DO ANTROPÓLOGO PHILIPPE BOURGOIS, QUE VISITOU A CRACOLÂNDIA PARA APONTAR MELHORIAS A USUÁRIOS BRASILEIROS.

Segundo o antropólogo norte-americano, professor universitário e pesquisador do comportamento dos viciados - especialmente em crack - e do tráfico, Philippe Bourgois, nos EUA há uma politica de tolerância zero em relação às drogas, o que é um fracasso, pois colabora para estimular o crime organizado e aumentar o numero de presidiários, gerando muito gasto e tornando as prisões lugares de treinamento de venda. 
Ainda de acordo com ele, os EUA têm um alto número de detentos, muitos por motivos de drogas. O antropólogo veio ao Brasil para participar de um encontro entre especialistas para discutir o tema. 
O antropólogo trouxe a experiência de ter vivido por mais de 20 anos junto a dependentes químicos nos EUA e em países da América Central.
Para o professor, as autoridades brasileiras têm de pensar no que já foi testado e no que é mal sucedido em outros países para adotar o seu próprio método vencedor. Conforme ele, o esquema de tolerância zero dos EUA é muito repressivo e não funciona, por isso o país não deve espelhar. “ As políticas são inadequadas e não resolvem os problemas”, disse.
O pesquisador acredita que precisam existir leis para engajar os viciados a fazer tratamentos, integrá-los, motivá-los, dar-lhes uma vida melhor, seja por meio da religião, educação, trabalho estável, arte ou música, enfim tudo o que proporciona uma vida digna. “ é preciso centenas de formas de tratamento, não apenas uma, porque cada pessoa tem uma oportunidade”, comentou, reforçando que os jovens precisam participar de ações positivas para não entrar nessa indústria destrutiva.
E o Brasil tem potencial para melhorias nesse campo, segundo Bourgois, pois por ser um país alegre, os dependentes químicos têm algo único, que os usuários de outros países não têm: Alto índice de sociabilidade, o que facilita muito a procura por atividades que os deixem longe dos tóxicos.
“ As drogas nunca vão desaparecer devido às leis, já que é a ilegalidade que proporciona a compra e a venda, destacou. Para ele, se houvesse a legalização, o negócio não seria lucrativo e deixaria de existir.
Mas como seria feito esse controle? Como mulheres grávidas e crianças ficariam sem acesso? Por isso, que segundo o antropólogo, é importante debater.

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