MODELO DE TRATAMENTO - CADERNO 4 - NEGAÇÃO
INTRODUÇÃO
Entenda a negação.
Já a alguns anos
vivendo um programa de recuperação de alcoolismo, Maria conheceu e
casou com um homem. Após sete anos, Maria enxergou que seu marido
era, e tinha sido desde que o conheceu um alcoólatra e que estava
tendo problemas com o seu próprio comportamento compulsivo e
codependente. Ela estava de novo sendo afetada pelo alcoolismo.
Desta vez de um modo
diferente.
Está consciência
veio de repente, disse ela, com se alguém tivesse acendido uma
lâmpada dentro da sua cabeça. Passados alguns meses, deprimida com
raiva e cansada de si mesma, se pensava “não posso acreditar que
demorei 7 anos para ver a verdade. Eu sabia tudo sobre alcoolismo.
Como é que eu pude
negar isso por tanto tempo?” se perguntava, “o que há de errado
comigo?”
Podemos ter tido uma
experiencia semelhante.
Ter vivido inconsciente com um problema por anos, e de repente uma luz se acendeu
na cabeça. Tudo ficou claro – tão claro que você se pergunta
como e porque não viu antes? Ou pode conhecer alguém como a Maria
que simplesmente se recusa a admitir ou aceitar a realidade.
Ela não há insistência ou discussão que lhe tirem a venda.
Você pode estar a
passar por uma experiencia como a de Maria. Pode sentir-se pouco a
vontade, ansioso, com medo, ou mesmo desesperado.
Alguma coisa não
esta bem, mas não consegue distinguir o que é. Pode ter uma vaga
consciência de que o problema o envolve, e por vezes pode até dizê-lo em voz alta.
Outras pessoas podem
apontar-lhe em termos especificismos. Mas você não se ouve nem os
ouve. Não pode acreditar nisso!
Quer seja você ou
alguém que conhece, que seja afetado pela negação, isto pode ser
uma experiência que traz confusão e frustração.
Você pode gostar
muito de alguém que parece estar desesperadamente ocupado em recusar
a realidade.
Você pode
interpretar essa rejeição da realidade como fraqueza, estupidez,
absurdo ou insanidade. Pode levar isso pessoalmente, como rejeição
da sua clarividência e vontade de ajudar. Pode chamar isso de mentir.
Pode pensar, como fez Maria, o que há de errado com ele, ou até
mesmo com você por não ver a realidade claramente.
Apesar de todas as
pessoas ponderem ter problemas que precisam de ser resolvidos, não
há nada de errado com eles por usarem a negação.
A negação é um
mecanismo que as pessoas usam para lidar com a perda e a dor.
Este estudo vai
levar você a perceber e a aceitar a negação como uma ferramenta
legitima e uma fase muito valiosa do processo de aceitação ou de
luto.
E aquilo que vamos
ver não é como eliminar a negação, mas como encontrar maneiras
que nos ajudem assim como os outros, a reduzir a necessidade de usar
a negação.
FERRAMENTA OU
ARMA
Revirando o sótão,
Mônica de sete anos, encontrou um antigo vestido de ballet que não
mais servia. Apesar dos protestos da mãe, Mônica espreme-se para
entrar dentro do vestido e ficou usando ele durante todo o dia,
indiferente a sua aparência absurda.
A filha mais velha
de Joana, de catorze anos, começou subitamente a ter maus resultados
na escola, agindo de forma desafiadora, esquisita em casa, escolhendo
amigos que se comportavam da mesma maneira. Por diversas vezes, Joana
encontrou vestígios de bebedeira no quarto da criança. Duas vezes, a
filha chegou em casa cambaleando e com discurso indistinto da
bebedeira. Quando um vizinho sugeriu a Joana que sua filha poderia
estar bebendo ou usando drogas, Joana encolheu os ombros e disse: “a
minha filha não”.
Devido ao fato de
beber demasiadamente, João ficou ser carteira de motorista e perdeu
o trabalho. Após várias ameaças de divórcio por parte da sua
mulher, ele relutantemente, entrou em tratamento para alcoolismo.
“não consigo perceber a razão para esse falatório todo”, disse
João ao seu terapeuta. “consigo controlar o meu uso de drogas e álcool”, não tenho problemas com isso afirmava ele.
QUE NEVOEIRO É ESSE
que abafa as pessoas, apagando a sua sensibilidade e cegando-os em
relação à realidade? Que tipo de mudanças acontece, que vira
pessoas razoáveis em seres irracionais? Como podem eles estarem ali
a dizer, “isso não é assim”, quando na verdade é?
A esse nevoeiro
chamamos de NEGAÇÃO.
E não que eles
acreditem na realidade, eles estão envolvidos num processo que os
impede de acreditar nela.
Em estado de muito stress, nós fechamos a nossa consciência emocional e por vezes,
intelectual, e também em certas ocasiões fisicamente.
Esse é um mecanismo
embutido em nós, funciona como écran que separa as informações e
que ajuda a evitar uma sobrecarga de informações devastadoras.
Psicólogos dizem que
a negação é uma defesa consciente e inconsciente que todos nós
usamos para evitar, reduzir, ou prevenir a ansiedade quando somos
ameaçados. “usamos a negação para fechar a nossa consciência de
coisas que seriam muito perturbadoras de saber”.
Quando a usamos
entramos em curto circuito, ficamos entorpecidos.
A pessoa que está
em negação pode estar mentindo, recusando-se a admitir a verdade de
alguma coisa. Fazendo ginastica mental para transformar algo de ilógico em algo lógico, e defendendo isso com a energia e o vigor
de um guerreiro excitado protegendo o seu território tribal. Mas
esta pessoa não está a fazer isso para os outros.
Está negando também
para sí mesmo.
Noel Larson, uma
psicóloga, definiu negação numa conferência sobre abuso sexual em
minessota, EUA. “negação não é mentir” disse ela. “é
conhecer o que é realidade”.
A negação trabalha
a um nível muito profundo. Dizemos mentiras a nós mesmos. Quando
alguma consciência, alguma realidade ameaça magoar-nos, enganar-nos
de modo a acreditar que “não é verdade”.
Que parte da vida
são estas que nos atiram para esta auto ilusão temporária? As
pessoas podem negar SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, ACONTECIMENTOS,
MUDANÇAS, SITUAÇÕES, PROBLEMAS, DOENÇA E ATÉ A MORTE.
Negamos o tangível
e o intangível. As pessoas negam mais ou menos tudo o que pode ser
negado – mas o que normalmente negam são as perdas, o que perdemos
ou suspeitamos que vamos perder – algo de importante para nós.
Esta perda pode ser
tão pequena como uma nota de cinco reais ou tão grande como a nossa
saúde. As pessoas perdem todo tipo de coisas importantes – AMOR,
PESSOAS AMADAS, AUTOESTIMA, FÉ EM DEUS, CONFIANÇA, SONHOS,
TRABALHO, SAÚDE, DINHEIRO, INDEPENDÊNCIA E ATÉ DEPENDÊNCIAS. As
pessoas podem perder coisas que se tornam importantes para si, mas
que os outros dificilmente veem perdas – como relações pouco saudáveis com pessoas ou drogas.
Todo tipo de perda
faz com que as pessoas usem a negação. Quanto tempo, e até que
ponto usamos a negação? varia.
Podemos ter um
segundo de espanto e descrédito. Podemos resistir a realidade por
minutos, horas dias ou meses. Ou podemos passar anos a tropeçar numa
nuvem negra da negação.
Por vezes, a negação
pode ser usada para fazer o que alguns consideram como algo de heroico e positivo. Inconscientes a sua dor, alguns jogadores de
futebol, negam a dor de contusões e jogam partidas inteiras. Mães
doentes esquecem-se da sua doença para tomarem conta dos filhos
pequenos. Podem-se lembrar da história daquele homem de negócios
que, tendo ficado ferido num acidente aéreo, não parou de mergulhar
num rio gelado para salvar os outros passageiros até que finalmente
morreu das suas feridas e exaustão.
A negação é uma
coisa séria. Quando os dep. químicos, alcoólicos negam que o fato
não é bom e que é uma doença, faz com que o uso de drogas ou
beber pode ter consequências graves e até levar a morte. Os
dependentes químicos negam seu problema e ficam mais doentes. Os
codependentes (familiares na maioria dos casos), negam que tenham
sido afetados pela doença e podem continuar a sofrer e a fazer os
outros sofrerem enquanto estão em negação.
O problema é
doloroso e obvio. Uma pessoa que nega a realidade não esta
admitindo, nem resolvendo o problema. A negação, enquanto usada,
elimina a possibilidade de mudança.
Independente de
estarmos negando um problema, um defeito de comportamento ou um
problema com drogas / álcool, não vamos conseguir sanar ou ao menos
remediar só por dizermos que este não existe.
Não somos ao mesmo
tempo, seres fortes e fracos, temos uma grande capacidade de tolerar
e de suportar a mudança, a dor e a perda. Surpreendentemente,
podemos até crescer através destas experiências e tornamos seres
mais maduros, sensíveis e carinhosos. Mas a princípio, quando
enfrentamos uma perda, muitos de nós precisamos dizer: “não. Isto
não pode ser verdade, isso não está acontecendo” A NEGAÇÃO É
O AMORTECEDOR DA ALMA.
Isso é uma reação
normal, natural e instintiva a perda. É uma ferramenta, alguns dizem
que dada por Deus, que usamos para lidar com a dor. Usamos por termos
a necessidade dela, para podermos lidar com a dor e com problemas,
não lidamos com eles até estarmos prontos e preparados para lidar
com esses fatos. Alguns de nós precisam de um pouco mais de tempo e
de um pouco mais de ajuda do que outros até estarmos “prontos”.
Não será a
aceitação melhor? Não deverá uma pessoa ser obrigada a ver as
coisas realisticamente? Estas perguntas tem razão de ser. Sim, a
aceitação é melhor, são boas ferramentas terapêuticas.
Isto não é dito
para encorajar as pessoas a escolher ou a continuarem em estado de
negação. Mas podemos querer lembrar que, paradoxalmente, a negação
pode ser e frequentemente é, o primeiro passo em direção a
ACEITAÇÃO.
É PARTE DE UM
PROCESSO
As
pessoas confundem frequentemente a aceitação. “só tem
que
aceitar isso” dizem
elas, como se aceitar fosse um ato simples com fechar a porta de um frigorifico.
Para mim a aceitação não é fácil, diz Sandra. Eu não reajo
imediatamente com serenidade a dor ou aos problemas. Agora
normalmente, estou grata e contente por ser uma adicta em
recuperação. Acho ótimo ser assim. Em 1995, quando pela primeira
vez me disseram que eu era uma adicta e que tinha que parar de usar
drogas e álcool se quisesse viver, não reagi as noticias com
êxtase. Não achei que estava bem. Tive de atravessar um processo de
aceitação. As más noticias não viram boas ou até neutras
instantaneamente. A maioria de nós, precisa de lutar com aquilo que
acredita, e com aquilo que sente, antes de poder aceitar a perda.
Temos de atravessar um processo.
Elisabeth
Kubler-Ross observou e documentou pela primeira vez este processo de
cinco fases, o processo de dor/luto, quando do seu trabalho com
doentes terminais no hospital. Ela identificou-o
pela maneira como a maioria dos doentes terminais reagem e chegam a
aceitação da sua morte prevista. Em anos passados, muitos viram que
as pessoas atravessam estas fases a caminho da aceitação das suas
perdas.
Esse processo de dor/luto está intimamente ligado a recuperação de
doenças compulsivas como o alcoolismo, a adicção, a bulimia e os
problemas de jogo, dado que estas doenças produzem tantas perdas.
Podemos ver-nos a atravessar estas fases com diferentes velocidades e
niveis de emoção, quando falhamos um telefonema importante, temos
um corte de cabelo que nos desagrada, perdemos o nosso trabalho, ou
nos divorciamos. Podemos sofrer sempre que experimentamos uma
mudança - mesmo uma mudança desejada – porque qualquer mudança
significa que experimentamos uma mudança – mesmo uma mudança
desejada. Qualquer mudança significa que tivemos que deixar algo
para trás de modo a abrir espaço para o novo.
“não importa o trivial que uma perda possa parecer, mesmo processo
tem de ser atravessado de cada vez, apesar de comprimento e a
insanidade das experiencias serem diferentes. Pode levar alguns anos
recuperar de uma grande perda. “mas os sintomas de dor e
recuperação podem também ser completamente vividos num espaço tão
pequeno como dez segundos”, escreveu Jewett.
Não existe regra que determine quanto tempo leva cada fase; não
existe regra que determine quanto tempo o processo leva. Isso vai
depender da natureza da perda, até que ponto estamos equipados para
lidar com ela. Como lidamos com outras perdas, e o timing de Deus. As
pessoas vão levar o tempo que precisarem para atravessar este
processo. Fazer crescer pessoas é mais complicado do que fazer
crescer vegetais ou flores.
Apesar de se poderem delinear cinco fases no papel, a nossa passagem
por elas pode não ser tão linear. As fases podem sobrepor-se;
podemos viver várias fases ao mesmo tempo. Podemos voltar fases
antigas. Podemos estar em diferentes fases do processo por duas ou
mais perdas simultâneas. Podemos atravessá-las cada uma delas por
três vezes ao mesmo dia.
Por
vezes, no caso de perdas continuas, podemos nunca chegar a atingir a
aceitação permanente. Isto é verdade quando a perda continua a
afetar o nosso dia a dia. Os pais de uma criança deficiente pode
viver fases do processo dor/luto toda a sua vida - especialmente à
medida que se desenvolvem nossas aplicações de crescimento da
criança deficiente. Porque a drogadicção e o alcoolismo é uma
doença crônica, e porque é manhosa e enganosa, os alcoólicos não
podem nunca assumir que tem uma aceitação total da sua doença.
Estão em grande risco de reverterem a
negação. - uma das razões pelas quais é tão importante para os alcoólicos tratarem a sua doença, indo a reuniões de N.A, e A.A;
Aceitação permanente pode requerer atenção permanente.
O processo de aceitação é um processo espiritual. E uma
experiencia que se atravessa e da qual é preciso abrir mão.
Eu ouvi pessoas chamarem – lhes o processo de dor, perdão, luto ou
de cura.
“é o modo como Deus trabalha conosco”. Seguidamente, veremos
cada uma dessas fases.
NEGAÇÃO.
A
negação é a primeira reação a
perda. Do mesmo modo como dor física muito forte ou uma ferida pode
pôr os nossos corpos em choque, a dor emocional ou mental pode
causar uma reação semelhante aos nossos sentimentos, intelecto, e
por vezes ao nosso físico. Ficamos entorpecidos, entramos em
curto-circuito. Alguns terapeutas chamam a isso um bloqueio. A
maioria dos profissionais concorda que normalmente não é um
bloqueio total. Parte de nós sabe ou suspeita da verdade. Só que
ainda não estamos prontos ou capazes de lidar com ela.
De novo, não há regra quanto ao tempo que dura a negação. Cada
pessoa e cada situação é única. As pessoas negam até se sentirem
suficientemente seguras para lidar com a perda de outra maneira.
Uma vez que a pessoa ultrapassa a negação, no entanto, não é
ainda a altura para atingir a aceitação. Cuidado. Não há no
inferno fúria tão grande como aquela que vem na fase seguinte.
RAIVA.
Esta fase é caracterizada pela inveja, culpar os outros,
ressentimento e, por vezes, fúria. A nossa raiva pode ser especifica
e direcionada, ou pode ser geral, atirada a nossa volta ao acaso.
Pode ser irracional ou racional, justificada ou injustificada,
sensata ou sem sentido. Podemos dar pontapés no gato e berrar com as
crianças, mas no fundo não estar furiosos com nenhum deles.
Estamos com raiva da nossa perda. Podemos culpar os outros e nós
mesmos pela situação em que nos encontramos. Podemos ver-nos a ter
inveja daqueles que tem o que nós perdemos. “porque é que eu não
posso beber uma cerveja antes do jantar sem acabar bêbado e sem
sentidos a meia noite?” podemos manter esta conversa fiada
interminavelmente, assumir e atirar com maus sentimentos, ou explodir
num grande abuso verbal. Esta raiva pode por vezes ser perigosa,
tanto para pessoa que a sente como para pessoa que é objeto dela.
Trocamos,
nesta fase, do “eu não!” para “porque eu?”, “é
culpa tua”, e “não é justo”.
Estamos loucos. Normalmente por detrás da raiva estão o medo, a
culpa e a vergonha.
Tal como precisamos da negação, precisamos agora da raiva. “não
há problemas em atravessar essa fase”. Diz Olson “a raiva é um combustível se não for lidada. Mas precisamos de lidar com ela de
maneira apropriada.
NEGOCIAÇÃO.
Após
ventilarmos a nossa furria, podemos tentar regatear de modo a evitar
ou adiar a perda. Estas
negociações podem ser feitas com Deus ou vagamente com a vida. De
acordo com Olson, esta fase é normalmente caracterizada por
SER...ENTÃO…, frases que medem o que damos contra aquilo que
recebemos.
Algumas vezes os nossos acordos são construtivos, realistas e obtêm
o resultado pretendido. “se recebermos ajuda para o nosso
casamento, então não teremos de nos divorciar”. “se eu for
buscar ajuda para meu problema de bebida, então não vou ter de
morrer.
No
entanto, normalmente, os nossos regateios não são realistas. O
alcoólico vai tentar um acordo em que apenas bebe cerveja, ou em que
só bebe aos finais de semana, o usuário de drogas, que só fumará
maconha ao invés
de outras drogas…. E assim desta maneira vai negociando seu
problema.
DEPRESSÃO
avançamos agora para o período de tristeza. Desde que pela primeira
vez dissemos: isto não pode ser verdade”, que fomos empurrados
para este momento.
É talvez a essência da dor, estar de luto completamente.
É o ponto mais alto do processo de aceitação e é dor emocional na
sua forma mais pura. Choramos pelo que perdemos, e sobre o que vamos
perder no futuro. Chegou a hora de chorar.
Esta tristeza pode levar horas, dias , semanas ou meses. “quando
humildemente nos rendemos, este processo começa”, diz Olson. Esta
depressão só desaparecerá quando o processo for ultrapassado.
ACEITAÇÃO.
Quando já não precisamos de bloquear, ter raiva, ou fazer acordos,
e depois de ter lidado com a tristeza, vamos chegar a uma fase de
aceitação.
Não é a resignação e o desespero de “desistir” uma sensação
de “para que?” ou de “estou farto de lutar”, apesar de também
ouvirmos estas frases escreve Kubler Ross; “elas também indicão o
fim da luta, apesar de as últimas não serem indícios de aceitação.
A aceitação não deve ser confundida com uma fase feliz. É
praticamente vazia de sentimentos. É como que se a dor se tivesse
ido embora, a luta acabou...”
Estamos em paz com o que é, e livremente admitimos a nossa
impotência sobre o álcool ou as drogas. Deus deu-nos a serenidade
de aceitar o que não podemos modificar.
A seguir a aceitação, crescemos. Isto implica que não nos
limitamos a sobreviver a experiência, mas que mudamos ou fomos
melhorados por ela. De algum modo, consideramo-nos mais ricos. Se não
podemos ver como isso nos beneficiou, temos pelo menos a confiança
de que está certo, tudo está bem, e que algum dia poderemos
perceber o propósito.
Podemos aceitar a perda e crescer, mas o caminho não é fácil nem
particularmente confortável. Pode ser estranho e por vezes parecer
que nos vai desfazer. No momento em que começa, podemos sentir-nos
em choque e em pânico. Enquanto vivemos, podemos sentir-nos
confusos, vulneráveis, sozinhos e isolados. Podemos ter uma sensação
de falta de controle.
Temos de confiar na graça de um poder superior; precisamos de nos
agarrar a esperança. Em todas a s fases exceto na negação, a
esperança é uma linha da vida.
É importante compreender e fazer um compromisso a este processo.
Isto é valido, benéfico, e necessário para a aceitação.
Atravessar este processo é também importante para a nossa saúde.
Chorar a dor não é novidade nem desta década nem deste seculo.
Jesus mencionou-o nas beatitudes: “abençoados os que choram, pois
serão consolados”. Numa procura para descobrir o que “abençoados”
quer dizer, um padre e psicologo refraseia o verso da seguinte
maneira, “saudáveis são aqueles que choram” , escreve ele,
“apenas muito recentemente começamos a realizar que negar uma
função humana natural e que tal negação produz consequências
graves”, continua ele “a dor, como qualquer emoção genuína, é
acompanhada por certas mudanças físicas e a libertação de uma
certa forma de energia psíquica.
Se essa energia não é gasta no processo de luto, passa a ser
destrutiva dentro da própria pessoa… a própria doença física
pode ser a penalidade por um processo de luto mal lidado… qualquer
acontecimento, qualquer conhecimento que contenha uma sensação de
perda para si, tem de, e deve, ser lidado. Isto não significa uma
vida de tristeza permanente. Significa estar capaz de aceitar
honestamente um sentimento em vez de ter sempre de rir da dor. É não
só aceitavel admitir a tristeza que acompanha qualquer perda como é
a opção saudável”.
E é positivo compreender o luto. As pessoas, que sofrem estão a
viver esse processo. Precisamos de nos permitir a nós mesmos,e aos
outros, a liberdade de lutr, sentir e falar sobre este processo se o
quiserem.
Lembram-se da Maria? No primeiro capitulo deste estudo? Ela é aquela
adicta em recuperação que passou a negar que o marido era um alcoólatra. Após ter parado de negar, ela atravessou um grande período de raiva e depressão. Durante este período ficou com medo e
confusa. “parece que estou a ficar maluca”, confidenciou ela.
“não estava assim tão confusa desde o meu próprio tratamento”.
Quando Maria percebeu que não estava a ficar maluca, mas que estava
a experimentar dor, sentiu-se melhor. Continuava a sentir-se triste,
mas percebia porquê. Tudo estava bem. Ela estava bem.
Compreender o processo não vai eliminar a necessidade de atravessar
essa fase, mas vai ajudar a relaxar, ter menos medo, e lidar com ele,
em vez de lutar contra ele. E podemos ser uma boa ajuda para os
outros.
Agora que examinamos o lugar da negação no esquema da aceitação,
vamos ver com que se parece a negação, tanto do interior como do
exterior.
COMO PARECE
/ COMO SE SENTE / COMO SOA.
Como podemos nós reconhecer quando estamos em negação? Será tão fácil como descobrir um elefante sentado no meio da sala?
Seria conveniente se reconhecer a negação fosse assim tão simples.
O que nós negamos é um problema, uma perda, um sentimento no meio
das nossas vidas. É algo que evitamos, andamos a volta, e do qual
fugimos. Apesar dos nossos esforços, é algo contra o qual estamos
sempre a tropeçar.
Apesar das escaramuçadas permanentes com o objeto da nossa negação,
pode ser tão difícil reconhecer quando nós, ou outra pessoa, está
imersa nela. Podemos estar tão perto de uma situação que não a
vemos claramente. Podemos sentir-nos tão provocados com o
comportamento escandaloso de alguém que não pensamos claramente,
podemos estar tão ocupados a responder aos sintomas – a tristeza,
o absurdo, ou a mentira – que não tomamos o tempo necessário para
identificar o problema. Não olhamos para o nevoeiro, focamo-nos na
pessoa que tropeça a sua volta. Podemos também ficar apanhados pelo
nevoeiro. Podemos ter necessidade denegar seja o que for que a outra
pessoa está a negar. Por razões puramente pessoais, podemos sentir
a necessidade que os nossos cônjuges não sejam dependentes químicos, ou os nossos filhos estejam enrolados. Por isso quando eles
dizem “isso não é assim”, nós estamos cheios de vontade de
concordar.
Outro problema é o realizar que estamos em negação, é como
realizar que estamos a dormir. Realizamos quando acabou o que
estivemos a fazer, mas não pensamos muito no assunto quando estamos
a fazer.
Apesar das dificuldades em reconhecer a negação podemos aprender a
ficar sensiveis a sua presença. Cada pessoa é única: cada sistema
de negação vai ser único. Mas especialistas identificaram certos
padrões emocionais, comportamentais e mentais que lhe são comuns.
Algumas pistas podem indicar que uma pessoa está a usar a negação.
A pessoa pode usar mais do uma ao mesmo tempo ou pode andar para a
frente e para trás conforme a ocasião exigir. Um bom negador (sim,
dependentes químicos estou a me referir a nós) pode usar muitos dos
sistemas ao mesmo tempo numa orquestração fantástica,
impressionante.
Antes de agarrar no lápis e rasgar as próximas páginas com uma
lista de sintomas para inspecionar a família e os vizinhos, sugiro
que comece por se estudar a si mesmo. E quando tiver acabado consigo,
lembre-se de usar a informação, não para julgar os outros, mas
para se comportar de uma maneira mais saudável e prestável para com
eles.
Não se preocupe com descobrir todos os sistemas de negação na sua
vida. Foi me dito por membros de N.A, que não precisamos estar
conscientes de todos os nossos problemas ao mesmo tempo. Se estamos a
trabalhar o nosso programa e a viver como devemos, vamos ficar
conscientes das coisas nas quais temos de trabalhar quando for a
altura certa. Enfrentaremos os nossos problemas quando for suposto
que os enfrentamos.
Cuidado: a presença de alguns dos traços seguintes não é nunca
prova segura de que se está em negação.
COMO
PARECE…
as quatro maneiras principais que as pessoas usam para negar, segundo
Jewett, são:
1. RECUSAR A ACEITAR A REALIDADE, aqui as características são
frases como, “não acredito”, “não pode ser verdade”, “e
isto não pode estar a acontecer”. Começamos então a
comportar-nos como se o acontecimento, problema, ou perda não
tivessem acontecido. Algumas vezes, podemos agir como se tivéssemos
consciência do problema, mas só estamos a adaptar sob pressão. Bem
no fundo estamos a sussurrar “não eu não”.
2. NEGAR OU MINIMIZAR A IMPORTÂNCIA DA PERDA, aqui, dizemos que seja
o que for que aconteceu “não tem importância”. Admitimos a
realidade do que se passou, mas insistimos em que não é tão
importante como as pessoas dizem: podemos acusá-los de estarem a
exagerar. Comportamo-nos como se não considerássemos o problema
importante.
3. NEGAMOS QUAISQUER SENTIMENTO SOBRE A PERDA, isto é repressão
emocional. “aconteceu – esta a acontecer – mas eu não me
importo”, dizemos a nós mesmos e aos outros. Podemos agir e
parecer como se não importássemos, aparentamos estar emocionalmente
vazios.
4. FUGA MENTAL, evitamos os acontecimentos, mentalmente, de várias
maneiras. Podemos dormir excessivamente para escapar (sentindo-nos de
fato cansados). Podemos ficar hiperativos – saltando de uma
atividade para outra, não abrandando até entrar em colapso durante
a noite. Podemos ficar obsessivo e compulsivo. Podemos perder-nos
dentro de headfones, em frente da televisão, ou em material de
leitura. Podemos ter o ar de quem está a correr, fintar, evitar ou
escapar. E estamos mesmo!
As
pessoas que estão a evitar a realidade podem ir muito longe para
evitarem situações que confrontam o seu sistema de negação. Estão
a ter suficiente trabalho em reprimir a verdade – não precisam de
se numa situação que vai tomar isto mais difícil. Em vez disso vão
procurar situações que reforcem a sua negação. Amigos,
acontecimentos sociais, as vezes até escolhas de carreiras,
eram
tomadas nestas considerações. Os membros de alcoólicos anônimos são conhecidos por estruturarem as suas vidas de maneira a
que esta seja um suporte de sua negação.
COMO SE
SENTE…
1. Uma pessoa que está a usar a negação pode sentir-se desesperada, sozinha, confusa, pouco à vontade, ansiosa, assustada,
culpada, vulnerável ou fora de controle.
2. Ao contrário, pode não sentir nada: as emoções estão em
baixo, fechadas, frias ou reprimidas.
3. A resposta a situações pode ser inapropriada: vulnerabilidade
quando á altura de tristeza, infelicidade ou raiva quando o jubilo
seria o apropriado. Por vezes ficamos espantados ao bem que uma
pessoa reage a tragedia. “ele não está a chorar, não está a se
desfazer. Poderíamos nós lidar com as coisas de uma maneira tão
eficiente?” perguntamos. Provavelmente, se estivermos em negação.
4. À parte nos sentimos cansados por causa de grande fuga no sono, a
pessoa que nega pode sentir um cansaço fora do comum por estar em
negação, e porque todo o processo de negação é muito cansativo.
“evitar que a realidade suba a superfície é como tentar manter
debaixo de água uma bola de basquete”, escreve Anderson. “pode
ser feito – mas exige concentração e energia”.
5.
Quando
em negação, sentimo-nos por vezes defensivos a cerca daquilo que
estamos a negar. Os outros podem sentir isto, quer tenha sido
verbalizado ou não, e pensarem: “o melhor é não falar sobre
isso, ou vai haver cena”. Portanto o problema não pode ser
discutido.
6.
um
sentimento de estar desligado ou fora de contato consigo mesmo é
muitas vezes sinal de negação. Podemos reparar que nos sentimos
desligados de nós mesmos é muitas vezes sinal de negação. Podemos
reparar que nos sentimos desligados de nós mesmos e da nossa
capacidade de sentir e de pensar. Por vezes, em incidentes
traumáticos, podemos até ter a sensação de estar fora de nós
olhando - “era como se o acontecimento não se tivesse passado
comigo. Eu estava ali, a ver outra pessoa a viver este acontecimento,
só que a outra pessoa era eu”, disse alguém em uma crise muito
grave. Podemos sentir essa falta de ligação e não ter intimidade
com a pessoa que esta em negação. Pode parecer que ela foi embora e
não consegue voltar a entrar em contato.
7. Negação durante muito tempo pode fazer com que uma pessoa se
sinta doente e até possa ficar doente, mental ou fisicamente. Uma
pessoa pode ter dores de cabeça, dores de estomago, dores de costa
ou disfunções sexuais. Uma pessoa que usa a negação pode ser
menos resistente a todas as doenças, e ficar doente mais vezes que o
habitual.
COMO SOA…
As pessoas que estão em negação podem dizer a elas mesmas ou a
outros que:
1. não pe assim tão mal ou tantas vezes (minimização)
2. não tem importância
3. não é assim, não podia ser.
4. não me importo.
5. estou demasiado ocupado ou cansado para pensar nisso, muito menos
para discutir.
6. amanhã tudo será melhor
7. não sou tão mau como o fulano. A minha situação não é tão
mal como a do fulano. (comparação)
8. foi muito excitante ou divertido. - e que não foi (memoria
eufórica)
9. eu fiz, mas...(ou porque). Era sensato (racionalização)
10. eu fiz, mas… (ou porque). Era a coisa certa a fazer
(justificação)
11. eu não tenho esse problema, mas varias pessoas a minha volta sim
(projeção)
12. eu não poderia ser dessa maneira porque sempre fui o oposto
(compensação)
13. muitas outras citações criativas das que acima mencionei.
Esta lista não é supostamente completa, mas apenas uma idéia da
comunicação que acompanha a negação. A análise racional soa bem,
quase ilógica (se não a olharmos demasiado perto), e conveniente.
Afinal de contas, eles estão a convencer-se a eles próprios.
Podemos ver-nos a acenar a cabeça em corcondancia, enquanto a pessoa
em negação está a falar e depois perguntar-nos a nós mesmos o que
aconteceu. Fomos enganados, mas não sabemos bem como nem porquê.
SUAVEMENTE
SERES HUMANOS A PROCESSAR
A primeira vez que vi um profissional a trabalhar com uma pessoa em
negação, julguei que estava a ver magia. Também achei que ele
estava a fazer mal à pessoa.
Isso se passou em uma terapia em grupo pós tratamento, em um centro
de tratamento. O grupo juntou-se e começou. A atenção
imediatamente incidiu num cliente, João, que tinha estado
taciturno(…) e rabugento(…) desde que tinha entrado na sala. O
terapeuta disse que estava consciente de que João estava perturbado.
O que se passava? João disse que não tinha nada com ele. O
terapeuta repetiu que estava consciente assim também repetiu a
pergunta. João repetiu a sua resposta. O terapeuta fez uma pausa.
“ele esta mentindo!confronte-o!, faça dizer a verdade!” -
pensava eu em silêncio. O resto do grupo devia sentir a mesma
vontade, porque começaram todos a falar para o João. O terapeuta
encostou-se para trás na sua cadeira e levantou a mão para acalmar
o grupo.
João disse que não tinha intenção de lidar com nenhum problema,
porque não tinha nenhum.
Assim,
o terapeuta disse que estava tudo bem, que não havia problema, que
talvez o João tivesse razão. Mas que se mudasse de opinião e decidisse falar se tinha um problema e quisesse falar dele mais tarde,
também estava tudo bem. Disse isso com respeito e sem sarcasmo, e
começou a falar com outra pessoa do grupo. “bem, acabamos
de deixar o João mal”, pensei comigo. “mas ainda, ele ganhou um
pouco sobre ti”. Uma hora depois, antes do grupo se acabar, João
disse que parecia que tinha um problema, e esperava que isso não
quisesse dizer que tinha falhado no seu programa de recuperação.
Anteriormente ele não tinha notado, mas gostaria de falar sobre isso
agora, se não houvesse problema.
O problema e sua solução não são significantes: o sistema de
negação não era original. O que mais interessou, foi com o
terapeuta lidou com ele. Tudo o que ele disse e fez contrário ao que
os meus primeiros impulsos me diziam para fazer. Desde ai, eu
encontrei muitas pessoas a usar a negação.
A algumas, como o João, pararam de negar após um curto período.
Outras pararam após longos períodos. Outras ainda estão em negação.
Aqui estão algumas sugestões para ajudar a lidar com a negação.
1.
Examine
os seus motivos. Quer realmente tentar ajudar a pessoa ou esta
tentando interferir ou controlar? Está com raiva, medo ou
ressentimento? Pensa que é melhor do que a pessoa? Esta em contato
com seus sentimentos, crença e poder superior? Esta a negar alguma
coisa? Tem alguma necessidade de negar o que a outra pessoa está
anegar? Precisa ou espera que a outra pessoa negue algo pelas suas
próprias razões? Se
assim for o caso, a outra pessoa pode sentir isso e sua ajuda
tornar-se-á inoperante.
2.
Mantenha-se
saudável. Saúde gera saúde; a doença pega-se. Se em algum momento
decidir que precisa de ajuda (N.A, A.A, Amor exigente, Al anon, ou
qualquer outro programa de 12 passos), vá as reuniões regularmente
e trabalhe o seu programa. Se você teve uma doença terminal,
crônica e incurável a algum tempo atrás, saiba
que ainda
a tem. Trata lá
vai minimizar a sua necessidade de usar a negação e os programas de
12 passos irão ajudá-lo a lidar com você mesmo e com as outras
pessoas.
3.
Dê
autorizações saudáveis. Permita-se a si e aos outros pensar,
sentir, resolver problemas, ser quem são, e estar onde estão no seu
processo de crescimento. Estas atualizações dão força, energia e
são de muito ajuda. Porque a negação faz entrar em curto circuito
os processos de pensamentos e as emoções de uma pessoa, dar essas
autorizações pode encorajar a maquinaria a recomeçar a trabalhar.
- lutadores imperfeitos numa viagem – pode reduzir a sua
necessidade de usarem a negação. Não há problemas em ter
problemas também. Uma autorização contraria que eu dou as pessoas
– especialmente a crianças pequenas que precisam aprender e a
pessoas que tem tendencias destrutivas é: “não é aceitável
magoar-se e a si próprio e aos outros”. Isto
pode ser claro para nós, mas não ser para eles.
4.
Ouça
– se quiser. Deixe as pessoas saberem que esta disponivél
se elas quiserem falar. Falar ajuda as pessoas. Tiram coisas da
cabeça e refresca a mente. É saudável
ser ouvido, realmente ouvido – cria aceitação. Lembre-se que
ajuda ouvir com seu coração assim como com os ouvidos. O que está
a ouvir pode ser outra maneira de dizer “tenho medo” “estou
sofrendo” “estou confuso”.
5.
fale
das suas emoções, e das suas experiencias. Falar dos seus
sentimentos é sempre uma boa maneira de lidar com eles. Vai ajudá-lo. E, partilhar honestamente as suas emoções e experiencias
pode ajudar outras pessoas, também. Pode dar-lhes coragem para fazer
o mesmo: as suas vitorias podem dar-lhes coragem para fazer o mesmo;
as suas vitorias podem dar-lhes esperança. Não seja demasiado
intenso nem paternalista. Se sente que tem de falar de outra pessoa
em vez de si, seja gentil. As pessoas que estão a sofrer reagem bem
a gentileza: “soa
como se estivesse com problemas” ajuda mais do que “esta mesmo
baralhado”. Melhor ainda, encontre algo de bom nesta pessoa – uma
qualidade, algo que ele ou ela tenha e que você goste e aprecie –
e ofereça esse elogio. Isso pode ajudar essa pessoa mais do que
imagina, e você desenvolve um bom traço de caráter.
O
que
deve você dizer a alguém que lhe pede que suporte ou concorde com a
sua negação? Se alguém lhe fizer essa importante pergunta:
“diga-me que não é assim” - verbalmente ou com um silencio
desconfortável – aqui só a uma resposta possível: “eu não
posso tomar essa decisão por você. Vai ter que pensar no assunto e
tomar essa decisão sozinho”. Isso não deve ser somente uma
resposta, deveria ser uma atitude muito profunda.
6. ofereça informação, literatura e referencias. Isto quer dizer
pergunte a resposta se ele quer ficar com o livro, o caderno ou o
artigo. Se a resposta for não, então não insista. Lembre-se que há
uma grande diferença entre informação e conselho. Não de nem
ofereça conselhos. Não ajuda e só serve para por todas as pessoas
furiosas. Mesmo se, lhe for pedido, não de conselhos. Uma boa
resposta seria: “o que acha que deveria fazer?” isso ajuda, e
ninguém leva a mal.
7.
Leia o BIG BOOK (alcoólicos anônimos, publicado pe A.A. word service)
contem
sabedoria que ainda não esta fora de moda.
8. demonstre empatia. Isto é uma palavra bonita que significa por-se
no lugar de outra pessoa. Não quer dizer piedade. Quer dizer
lembrar-se o que significa enfrentar uma perda tão grande que
precisa de a negar. Se não se consegue lembrar de ter sofrido ou
negado, e se não consegue ter empatia veja o numero um acima
mencionado. Se ainda não consegue lembrar-se, talvez você não seja
a pessoa certa para lidar com a pessoa que sofre. Empatia ajuda e
pode ajudar muito a reduzir a necessidade de negar.
9.
evite julgar. As pessoas tem problemas. A pessoa não é o problema.
Dizer ou acreditar que uma pessoa é má, inferior, sem esperança, horrível ou vergonhosa não vai ajudar. Mesmo que sinta isso no seu
coração, se não o disser não vai ser ouvido. Especialistas
acreditam que o medo, a culpa e a vergonha são algumas das piores
barreiras que as pessoas enfrentam para pararem de negar. Se
juntarmos a culpa e vergonha de
uma pessoa – se lhe dissermos que os seus piores receios são
verdades – isso não vai ajudar. Pode é aumentar a necessidade de
usar a negação.
10.
não discuta. Raramente isso ajuda uma pessoa a parar de negar.
Desvie a atenção e faz perder tempo e energia. Você não deve
apoiar ou concordar com a negação, mas tambem não deve forçar uma
pessoa a ver a realidade. Por vezes ajuda dizer: “está bem pode
ser que tenha razão”. E deixar ir. Isto levanta a pressão de você
e põe na outra pessoa de uma maneira positiva, e que ajuda. Deixe as
pessoas lutarem com elas mesmas e decidirem se tem razão. A sua
batalha com a verdade e a realidade é muito mais dura de vencer que
uma batalha com você mesmo. E quando essa batalha acabar, vão ter
ganho algo. Isto não quer dizer que não possa ter raiva de quem
está em negação. Você tem direito aos seus sentimentos, e
precisa de sentir e por vezes de se comunicar. Mas gritar não é
normalmente a melhor maneira de o fazer.
11.
Respeite as pessoas, e não comportamentos pouco saudaveis –
respeite a pessoa. Isso inclui acreditar que elas são boas pessoas
(mesmo que tenham problemas). Isto quer dizer que lhes permitimos que
façam estas coisas elas próprias. Pergunte-lhes o que elas creem
que o problema seja. Pergunte-lhes como o querem resolver. Não temos
que as curar, faze-las ficar melhor, controlar ou salvar. Não temos
de lhes dar conselhos, nem fazer com que os seus sentimentos
desapareçam.
Não temos de, e não devemos envolver-nos com as suas crises e
consequências. As consequências são uma das maneiras em que a
realidade fala alto para aqueles que estão em negação. Pare de os
salvar! Vai fazer-lhes e a você mesmo um grande favor.
12.
Respeite-se ponha limites para a sua saúde e bem estar. Não faça
coisas pelos outros que realmente não quer fazer, que não sejam
boas para si, ou que não sejam boas para eles. Não deixe uma pessoa
que esta em negação lhe fazer mal. Isto
quer dizer ultimato ou jogos de poder (fazer algo para obrigar outra
pessoa a ter um comportamento qualquer para “mostrar quem manda”).
Isto quer dizer, calmamente descubra o que precisa de fazer para
tomar conta de você e faça-o. Marque os limites.
13.
confronte com cuidado. Isto não é um estudo sobre confrontação ou
intervenção. Ambas são boas ferramentas quando usadas
convenientemente. Ambas podem igualmente ser perigosas – para nós
e para as pessoas que confrontamos. Despir uma pessoa de ilusões não
é um grande projeto casual. Se o assunto que está a ser negado é
sério, a pessoa pode parar com a negação após ser confrontada.
Mas lembre-se – essa pessoa não vai provavelmente evoluir
calmamente para a aceitação. Ele pode avançar para a segunda parte
do processo – a
raiva. Eu assisti a atos violentos e assustadores quando situações
destas ocorreram. Tenha cuidado.
“A vocação de endireitar as pessoas, de lhe tirar as máscaras,
de os forçar e enfrentar a verdade reprimida, é uma chamada
extremamente perigosa e destrutiva”. “ele não pode viver com
algo que realizou. De uma maneira ou de outra, ele mantêm-se
psicologicamente intacto através de uma forma de ilusão. Se esta
ilusão psicológica for desmontada, quem a vai reconstruir e pôr o
pobre ser humano de pé outra vez?”
Procure ajuda profissional se pensa que você, ou alguém perto de si
está a ter problemas com a negação ou se está a considerar
confrontar ou intervir num caso difícil.
14.
Desligue.
Comportamento difícil que ajuda tanto. Não leve as pessoas
pessoalmente, e não leve os problemas delas, incluindo a negação,
pessoalmente. Não somos responsáveis por outros adultos – não
assuma responsabilidades por eles ou pelos seus problemas. Em
ultima análise e com toda certeza, cada pessoa é responsável
pela sua negação. O seu processo de negação é da sua
responsabilidade. Ocupe-se da sua responsabilidade – de si e do seu
processo de aceitação. Se não podemos controlar os outros, o que
aparentemente não podemos, então ao menos devemos tentar
controlar-nos a nós próprios. Se lhe está a ser difícil afastar-se
de uma pessoa ou de um problema, pode querer considerar Al anon.
Ajuda.
15.
confie em você mesmo, no
seu processo de aceitação e no seu poder superior. Não existem
regras absolutas para lidar com a negação ou com as pessoas. Cada
situação e cada pessoa são únicas. Mas você pode pensar, pode
ver como lidar com situações. Se quer ajudar alguém, pergunte ao
seu poder superior que o utilize e que lhe mostre o que tem de fazer.
Empenhe-se em ser gentil, pensar claro, e em ter amor nos seus
encontros com pessoas. Esqueça de perfeição. Isso não existe.
E
você nem sempre tem de fazer algo. As pessoas reestruturam-se
“caindo aos bocados” - e o processo muitas vezes começa pela
negação. É assim que Deus trabalha conosco. Abra mão do controle
e deixe-o fazê-lo por você.
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